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sábado, maio 31, 2014

Obrigado



É engraçado como tantos anos depois tenho de continuar a recorrer a ti que nunca me falhaste.
Desde que te criei para desabafar, partilhar, chorar, rir, que acabas por ser uma das coisas da vida que me ouve e não me julga.
Que compreende os meus arrependimentos, as minhas dúvidas e as poucas certezas.
És o único que me estende os braços e que nunca me pediu nada em troca.



O único que sabe que não me consigo concetrar no trabalho, que sofro por isso. És o único que parece dar-me alento. Dar alento à merda que me tornei. Ao pai que abandona os filhos. Que se apaixona por quem não se devia ter cruzado com tal pessoa. Curioso que és o único que me conhece, provavelmente melhor que eu. Melhor que mãe, mulheres ou amigos.
E a continuar assim serás o primeiro a saber o dia em que vou rebentar. Rebentar de tanta frustração, tanta dor. Tanta compaixão. Tanta vontade de não largar o que ama, acabando por sufocar no meu próprio amor e ter de fugir. Ter de dar um, dois, três passos atrás para salvaguardar este coração, esta alma.
Alma que mal sobrevive ao passar dos anos. Das cabeçadas. Das encruzilhadas.
Obrigado por estares aqui. Agora, como sempre.
Sem me julgares.
Sem te vangloriares.
Sem mas ou porquês.


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