O dinheiro que cidadãos angolanos aplicam em
Portugal não é investimento, serve unicamente para enriquecer alguns
portugueses, disse hoje à Lusa Paulo Morais, vice-presidente da
Transparência e Integridade, Associação Cívica - Portugal.
Lusa
Economia
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"Hoje em Portugal fala-se muito de investimento angolano em
Portugal. Não há investimento angolano em Portugal. Não há novas
fabricas, não há nova produtividade, nem o setor primário, o setor
secundário ou o terciário se têm desenvolvido com o capital angolano que
chega a Portugal", disse.Segundo Paulo de Morais, o capital angolano que chega a Portugal destina-se maioritariamente à compra de participações em empresas que já existem, que já estão a laborar.
"No fundo, vai é aumentar as fortunas de alguns portugueses. A atividade económica portuguesa pouco beneficia dos capitais angolanos que chegam a Portugal. Quem beneficia são os amigos dos angolanos que estão disponíveis a alienar parte das empresas que têm em Portugal", acrescentou.
Diretor do Instituto de Estudos Eleitorais da Universidade Lusófona do Porto, e antigo vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais falava à Lusa à margem da conferência hoje realizada em Luanda, promovida pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC), da Universidade Católica de Angola e Ajuda da Igreja Norueguesa.
Paulo de Morais apresentou uma comunicação sobre os efeitos da corrupção como obstáculo ao desenvolvimento, no mundo e o caso português em particular, tendo no final da intervenção, o diretor do CEIC, Manuel Alves da Rocha, comentado para a assistência que em determinadas passagens sentiu que se estava a falar de Angola.
Nas declarações à Lusa, Paulo de Morais fez questão de frisar que a chegada de capitais angolanos a Portugal tem acontecido porque "há um conjunto de portugueses cúmplices dos detentores desses capitais angolanos".
"Investimento é outra coisa. Investimento produtivo seria se capitais provenientes, fosse de onde fosse, chegassem a Portugal para criar agricultura, indústria, pescas, metalomecânica. Nada disso está a acontecer. O que está a acontecer é a compra de participações", acentuou.
Instado a comentar as afirmações recentemente feitas em Luanda pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, Francisco Almeida Leite, segundo o qual o investimento angolano em Portugal, "mais do que bem-vindo, é desejado", Paulo de Morais respondeu que o investimento em Portugal "deve ser sempre desejado se duas coisas acontecerem".
"Se for de facto investimento que produza riqueza, crie emprego, e se for proveniente de dinheiro que for de facto limpo. Porque o dinheiro sujo não é um bom investimento, nem em Portugal nem em lado nenhum do mundo", concluiu.
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