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quarta-feira, dezembro 12, 2018

Tio Quim da Pampilhosa

Morreu esta noite. De memórias praticamente só tenho as de infância, dos natais com os meus avós e uma ou outra semana na terra. Lembro-me que estava quase sempre bem disposto com palavras de alegria para os sobrinhos. Lembro-me que deixava o meu primo guiar aos trezes anos mas nunca deixou a minha prima tirar a carta, nunca entendi mas não me cabe ou cabia julgar. Eram outras épocas. Não sei bem a última vez que o vi, provavelmente num funeral ou numa rápida passagem a caminho de Santiago do Cacém. São por isso as memórias curtas que se calhar me impedem de chorar o morto. Acho que fico mais triste pelos meus pais, já que sei que se davam muito bem. Amanhã será um dia longo para, mais do que me despedir, ver a família que não vejo há anos. Talvez anos demais mas não sou de outra forma. Adeus tio. Espero que a vida do outro lado seja melhor que a vida que aqui deixas. Vais para perto dos avós e do tio António e da tia Maria. Só esse reencontro já deve amortecer a dor de partir.

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