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domingo, dezembro 27, 2009

Domingo

O mundo, o meu mundo, já mais ou menos o conhecem.
De altos e baixos. De sentimentos e desentendimentos.
De alegrias e tristezas.
De loucura, de fotos de gajas nuas, misturadas com política ou futebol.
É um mundo de um rapazinho, com responsabilidades de homem e com uma personalidade instável.
Agora vou-vos contar o que vi, o que vejo quando passeio (ainda que à força) pelo sítio onde moro.
Vejo um quase gueto, cheio de três tipos de gente: os merdas, os merdosos e os normais.
Os normais, nem preciso de explicar, são gente trabalhadora com respeito, com mais ou menos dificuldades na vida. Depois vêm os que realmente me chateiam e os que me fazem pensar que ás vezes não há mesmo solução. São os que estacionam mal o carro, que não pagam o condomínio. São os palhaços que mijam na rua, esteja gente a ver ou não. São os merdas que pura e simplesmente não vêm nada para além da sua satisfação. E por fim vem aquela estirpe de merdas elevados ao nível máximo. São os que fazem tudo os que abaixo fazem, mas ainda com menos noção que em volta existe um mundo de outras pessoas. São estes filhos da puta que ás 1.30 da manhã, estão com música aos altos berros, um prédio abaixo e ouve-se como se Thor batesse com o martelo na nossa cabeça. São estes merdosos, que bebem uma cerveja e acham-se logo os melhores do mundo, que se podem sentar numa cadeira na rua a chamar filho da puta ao Djailson aqui do lado e que no Ano Novo jogam garrafas pela janela fora.
Fora isto, a zona onde vivo é agradável. Sopra sempre aquele ventinho que nos tira a vontade de ir À rua e a cada prédio, entre cheiro a mijo de merdas e merdosos, salta sempre à vista uma casa à venda, um grafiti mal amanhado, um passeio nojento.
E porque moro aqui? Porque nós os normais, não temos o dinheiro ou as cunhas, ou a sorte (que admito também se procura e merece) de termos uma vida agradável, rodeados de gente bonita e de um mundo perfeito. Não temos essa sorte e por isso vivemos em espécies de guetos. Com pessoas que na sua verdadeira terra eram mais uns desgraçados, a comer pó e sem dinheiro para um vodka, uma cuca ou um guarani.
Viva este mundo em que moro. Não é necessáriamente onde vivo, mas é onde moro.
Quem sabe 2010 trás mais do mesmo ou se com sorte, trabalho, suor,ou um adjectivo qualquer me tira daqui.

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