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segunda-feira, novembro 03, 2008

Doença= estado de espírito?

Todos os meses há qualquer coisa.
Uma doença, um mau estar. Uma dor, uma falta de paciência, qualquer coisa que me impede de estar a 100%.
Será a doença o espelho de um estado de espírito?
Será a doença uma consequência de uma dor de alma, de um sentimento de estar incompleto?
Cada dia que passa em que não estou bem, sinto-me pior. Engraçado…não estou bem, fico pior.
Estou cansado disto.
Mesmo cansado. E mais cansado ainda de não poder explodir, de não poder dizer não me consigo levantar. É o cansaço a falar? Sim, acredito que sim, mas o cansaço torna-se real e pesado, cada vez mais pesado.
A paciência que nunca tive, esgota-se a olhos vistos. E o pior é que tudo aquilo que devo contrariar, que devo aproveitar. Tudo aquilo que devo viver, sentir e apreciar, tudo aquilo que devo deixar cair….nada disso faço. Nada vivo, nada sinto, a não ser uma raiva, uma completa falta de paciência, pontuada aqui e ali com momentos de acalmia.
É como se me debatesse contra um inimigo invisível, que ataca pela calada, que mina o caminho e o ar à minha passagem.
Sinto-me cansado de ver as coisas caírem-me das mãos. Ou julgo que caem. Tenho assim tantas razões para me sentir com tanta raiva? Não há sempre alguém pior?
No entanto tudo isso cai, momento atrás de momento, e sinto-me tantas vezes enraivecido, impotente, incapaz e ineficaz. Uma merda mesmo. E no entanto, no entanto……no entanto.
Tenho pessoas que me adoram, que me amam mesmo. Tenho amigos, família.
Carros, casa, sol na cara.
Tenho o bebé, a “coisa” mais preciosa que se pode ter numa vida.
Se calhar tenho é amor em demasia. Se calhar não devia ser amado.
Se calhar a doença e o estado de espírito são apenas reflexos de fartura.
A incompreensão e a impaciência, a raiva e a dor são apenas sintomas de menino mimado? Será isso? Tenho de me habituar a viver na realidade? Tenho de viver aquilo que é suposto? Tenho andado a sentir, sofrer, uma vida paralela? Uma realidade que não existe a não ser na minha cabeça? É isso? É essa a razão para tanta insatisfação, para tanta revolta?
Alguma coisa tem de ser e alguma coisa tenho de fazer para alterar este estado de coisas. Cair na real seria o primeiro passo. Abraçar aquilo que a vida me quer dar e não aquilo que eu quero na vida terá de ser o primeiro passo.
Doloroso? Só o tempo o dirá.
Tenho de deixar de sentir esta revolta, que me tolda as ideias e me faz adoecer. Me faz desligar da vida e passar ao lado de alguma coisa boa.
Estado de espírito? Doenças?
Alguma coisa tem de ser. Alguma coisa me está e continua a fazer mal.
Alguma coisa que carrego dentro de mim e que tenho de soltar de uma vez por todas.
Tem sido sempre a descer. Sinto-me um velho de 80 anos e não quero acreditar que tenho de aceitar viver assim sem dar luta.
Respira fundo e sente o frio da manhã. Acalma-te e fecha os olhos. A luz há-de estar por perto e a raiva vai ter de sair. Vai ter de ser domada, dominada, derrotada.
Tem mesmo!

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